quinta-feira, 14 de agosto de 2008



A giganta
No tempo em que a vida e com verve que espanta,
Sabia conceber o pródigo e o monstruoso,
Teria amado estar junto a jovem giganta,
Como aos pés de rainha um gato voluptuoso.
*
Teria amado ver a florescente dama
Livremente crescer em seu terrível jogo;
Figurar-lhe no peito uma sombria chama
A esta umidez brumal dos seus olhos de fogo;
*
Percorrer devagar os seus flancos vermelhos;
A vertente subir dos seus enormes joelhos,
E às vezes, ao verão, na hora em que o sol exangue
*
Faz que ela se espreguice através da campina,
Adormecer à sombra do seu seio, langue,
Como lugarejo amenno ao sopé de uma colina.
(Charles Baudelaire)

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