quinta-feira, 24 de julho de 2008

Delicadezas do mundo


"Quando as aves falam com as pedras e as rãs com as águas é de poesia que estão falando."

(Manoel de Barros)



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(Salammbô, Alphonse Mucha)


"Porias o universo inteiro em teu bordel,
Mulher impura! O tédio é que te faz cruel.
Para treinares os dentes nesse jogo singular,
terás a cada dia um coração a devorar..."
...

"Tem sua beleza que lhe vem do Mal, sempre desprovida de espiritualidade, mas por vezes matizada de uma fadiga que simula a melancolia. Ela dirige o olhar ao horizonte, como animais de presa, mesma exaltação, mesma distração indolente e também, às vezes, mesma fixidez de atenção. Espécie de boêmia errante nos confins de uma sociedade regular, a trivialidade de sua vida, que é uma vida de astúcia e combate, vem à luz fatalmente através de seu invólucro majestoso."
(Charles Baudalaire)



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C'est âme que son âme demande...
qui s'attache à elle avec tant de
force et qui souffre avec tant de
bonheur son étreinte, que rien ne
puisse plus les séparer...

"Sua alma precisa de outra alma... que ela se ligue com tanta força e que consinta o seu abraço com tanta felicidade que ninguém mais as possa separar..."

(Jules Simon)
...
...
Me livrar da angústia e perder a mim mesma...

Os mortos de sobrecasaca

Havia a um canto da sala um álbum de fotografias intoleráveis,
alto de muitos metros e velhos de infinitos minutos,
em que todos se debruçavam
na alegria de zombar dos mortos de sobrecasaca.
Um verme roeu as sobrecasacas indiferentes
e roeu as páginas, as dedicatórias e mesmo a poeira dos retratos.
Só não roeu o imortal soluço de vida que rebentava
que rebentava daquelas páginas.

Carlos Drummond de Andrade, 1963


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segunda-feira, 21 de julho de 2008

o chato sem fim





PARAÍSO PERDIDO

Outro, não eu, que desespero, ao cabo
De, em pedrarias de arte e versos de ouro,
Ter dissipado todo o meu tesouro,
Como os florins e as jóias de um nababo;

Outro, não eu, que para o chão desabo
Esquecendo-te as culpas e o desdouro,
E a teus pés de marfim, como o rei mouro
Em torrentes de lágrimas acabo;

Outro conspurca-te a beleza augusta,
Cujo anseio de posse ainda me custa
Como um verme faminto andar de rastros.

E mais deploro este meu sonho falso
Ao recordar que andei no teu encalço
Pelo caminho rútilo dos astros!

B. Lopes, Helenos (1901)



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terça-feira, 15 de julho de 2008




Taça de Coral

Lícias, pastor - enquanto o sol recebe,
Mugindo, o manso armento e ao largo espraia.
Em sede abrasa, qual de amor por Febe,
- Sede também, sede maior, desmaia.

Mas aplacar-lhe vem piedosa Naia
A sede d'água: entre vinhedo e sebe
Corre uma linfa, e ele no seu de faia
De ao pé do Alfeu tarro escultado bebe.

Bebe, e a golpe e mais golpe: - "Quer ventura
(Suspira e diz) que eu mate uma ânsia louca,
E outra fique a penar, zagala ingrata!

Outra que mais me aflige e me tortura,
E não em vaso assim, mas de uma boca
Na taça de coral é que se mata."

(Alberto de Oliveira)


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O elefante

Fabrico um elefante
de meus poucos recursos.
Um tanto de madeira
tirado a velhos moveis
talvez lhe dê apoio.
E o encho de algodão,
de paina, de doçura.
A cola vai fixar
suas orelhas pensas.
A tromba se enovela,
e é a parte mais feliz
de sua arquitetura.
Mas há também as presas,
dessa matéria pura
que não sei figurar.
Tão alva essa riqueza
a espojar-se nos circos
sem perda ou corrupção.
E há por fim os olhos,
onde se deposita
a parte do elefante
mais fluida e permanente,
alheia a toda fraude.
Eis meu pobre elefante
pronto para sair
à procura de amigos
num mundo enfastiado
que já não crê nos bichos
e duvida das coisas.
Ei-lo, massa imponente
e frágil, que se abana
e move lentamente
a pele costurada
onde há flores de pano
e nuvens, alusões
a um mundo mais poético
onde o amor reagrupa as formas naturais.

Vai o meu elefante
pela rua povoada,
mas não o querem ver
nem mesmo para rir
da cauda que ameaça
deixá-lo ir sozinho.
É todo graça, embora
as pernas não ajude
me seu ventre balofo
se arrisque a desabar
ao mais leve empurrão.
Mostra com elegância
sua mínima vida,
e não há na cidade
alma que se disponha
a recolher em si
desse corpo sensível
a fugitiva imagem,
o passo desastrado
mas faminto e tocante.

Mas faminto de seres
e situações patéticas,
de encontros ao luar
no mais profundo oceano,
sob a raiz das árvores
ou no seio das conchas,
de luzes que não cegam
e brilham através
dos troncos mais espessos.
Esse passo que vai
sem esmagar as plantas
no campo de batalha,
à procura de sítios,
segredos, episódios
não contados em livro,
de que apenas o vento,
as folhas, a formiga
reconhecem o talhe,
mas que os homens ignoram,
pois só ousam mostrar-se
sob a paz das cortinas
à pálpebra cerrada.

E já tarde da noite
volta meu elefante,
mas volta fatigado,
e as patas vacilantes
se desmancham no pó.
Ele não encontrou
o de que carecia,
o de que carecemos,
eu e meu elefante,
em que amo disfarçar-me.
Exausto de pesquisa,

(Carlos Drummond de Andrade)


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segunda-feira, 7 de julho de 2008

Anorgasmia


Ainda ontem, fui atraída pela capa de uma revista que estampava uma linda e elegante celebridade norte-americana com dois seios siliconizados sob a camiseta branca. Depois de sair do transe hipnótico ao qual seu olhar mortífero havia me submetido, tentei ler as manchetes do que viria adiante, mas o nome da revista, escrito em um vermelho metálico vibrava tanto, que eu passei mais um tempinho brincando de movimentar a revista na luz, a fim de jogar com aquele efeito. Logo embaixo daquelas letras divertidas, eis que me deparo com a seguinte chamada: "Orgasmo, garanta já o seu!!!" Parei ali e fiquei um tempinho pensando, não sabia que já estavam vendendo orgasmos no mercado... Corri as páginas até o editorial, e lá estava uma bonequinha de plástico nua deitada de bruços, e mais garantias: "... Se for o caso, prolongue". Fui então, curiosa, até a página 74, e ressentido foi o meu desapontamento ao confirmar mais umas dessas chatas reportagens com entrevistas curtas a sexólogas histéricas. Broxante. Por um momento imaginei orgasmos em compota nas prateleiras, em vez de orientações previsíveis. Terapia em grupo, auto-conhecimento, com indicações a determinadíssimos especialistas, livros, páginas eletrônicas, filmes e brinquedinhos eróticos... A matéria vendia tudo, menos orgasmo garantido. Fechei a revista e voltei para a capa. Passei mais uns segundos admirando a sedutora atriz e as letras do título da revista, e voltei finalmente às outras chamadas, dessa vez com a motivação de uma lesma frígida. Mas o mal-estar passou logo que li a outra manchete: "As novas coleções - 363 peças que vale a pena comprar!!" Com o perdão da má-palavra, que besta consumidora da tal revisteca poderia comprar 365 peças de uma vez?! Como se não bastasse, o preço de cada uma delas era simplesmente pornográfico! Ofereciam camiseta de malha por 320 reais, botas de 1.270, óculos de 440, sandálias, 893, mocassim por 1.167, macaquinho jeans, 820, 1.200, suéter por 1.180 e vestidinho, 1.900, meia-calça, 547, lenço de 250... e por aí continuava até dar as benditas 365 peças. Como se vê, temos a opção de comprar uma revista, pela bagatela simplória de cinco reais, que diz com o que e como devem gastar o dinheiro que, na verdade, suas leitoras não tem. É claro que tudo naquela publicação conduzia a um mundo fantástico de ofertas inatingíveis, como as dicas da maior maquiadora do mundo e coisas do gênero. Como ainda acredito um tiquinho na humanidade, preferi imaginar que nenhuma mulher, depois de ler a revista, corresse para a custosa terapia de grupo indicada a fim de estimular os prazeres do sexo (e o mercado da simulação). Ou então, que desejasse as três centenas de roupas e sapatos em oferta, de uma só vez. Falando em desejo, as consumistas à beira de um piripaque, se acharem que vale a pena um terço daqueles produtos, terão que desembolsar 50 mil, no mínimo, até a próxima estação. E provavelmente vão continuar sem orgasmos. Cá pra nós, é por isso que eu digo, se orgasmo vendesse no mercado, não se gastaria tanto, mentira?!


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Poesia imprópria

Cantei com os pássaros quando fui grito,
Gritei com as almas quando fui morte,
Sussurrei fantasmas quando fui medo,
Declamei aos vultos quando fui relance.

Dancei com as árvores ao vento.
Sujei, relinchei e bradei, animal.
Sem saber onde fui pararum dia, acordei não-eu,
Sem saber o que era, escrevi ao poeta;
Mas sem saber quem eu era,
assinei um poema não-meu.

(Gabriel da Matta, 2007)



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Heisei Esthiticism








(Obras de Takato Yamamoto)



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山本タカト
Yamamoto Takato
1960年生まれ。東京造形大学絵画科卒業。
作品集「緋色のマニエラ」(トレヴィル)。TIS 国際浮世絵学会会員。



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Pomba Gira

Medo que a pomba-gira
me dissesse Deus, o sexo, a morte.

Medo que o seu charuto,
a sua cachaça me anunciassem

o centro fumegante da terra antes que eu
abatesse minha sede de frescor e delicadeza.

A gargalhada preta, vermelha e quente
me apavorava. Aquela diaba

de fumo e ferros diria o que nem eu mesmo
alcançava em mim? Rugiria aos quatro cantos

aquilo que fosse de mim a borra no fundo,
o avesso, o três, o vazio,

a folha venenosa que recusei, que evitei
mastigar e permanecia quieta como um cacto

secreto? Medo
daquela mulher absoluta, rainha

errada, metade deusa,
metade puta, que era

e não era, e cuja excêntrica presença, encarnação
momentânea, era o canto e a dança

dos sudários, das aparições, dos espectros e
assombramentos, das sombras e almas padecentes

a vagar desgraçados pelas esquinas. E eu,
que só queria fingir que não se morre,

que só queria não sofrer, escondia minha água
mais íntima quanto mais temia

aquele anjo todo fogo que girava sobre um chão
de punhais, que girava sobre um chão

de pólvora, que girava, cabelos, dentes,
que girava. Que gira na memória.

(Eucanaã Ferraz)


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Os Cegos

Contempla-os, ó minha alma; eles são pavorosos!
Iguais aos manequins, grotescos, singulares,
Sonâmbulos, talvez, terríveis se os olhares,
Lançando não sei de onde os globos tenebrosos.

Suas pupilas, onde ardeu a luz divina,
Como se olhassem à distância, estão fincadas
No céu; e não se vê jamais sobre as calçadas
Se um deles a sonhar sua cabeça inclina.

Cruzam assim o eterno escuro que os invade,
Esse irmão do silêncio infinito. Ó cidade!
Enquanto em torno cantas, ris e uivas ao léu!

Nos braços de um prazer que tangencia o espasmo,
Olha! também me arrasto! e, mais do que eles eles pasmo,
Digo: que buscam estes cegos ver no Céu?


Charles Baudelaire
(Trad.: Ivan Junqueira)
(Tela de Pieter Brueghel, A Parábola dos cegos)*



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Se os cavalos tivessem deuses, certamente eles teriam a forma de cavalo."
(Xenófanes)
"A imaginação não é, como sugere a etimologia, a faculdade de formar imagens da realidade; ela é a faculdade de formar imagens que ultrapassam a realidade; que cantam a realidade. É uma faculdade de sobre-humanidade."
(Bachelard, O Direito de Sonhar)
"O Demiurgo dá vida a um mundo errôneo e instável, onde uma parte da própria divindade cai, como que na prisão ou no exílio. Um mundo criado por engano é um cosmos abortado (...) O gnóstico vê a si mesmo em exílio no mundo, como vítima de seu próprio corpo, que define como uma tumba e uma prisão. Foi lançado no mundo, de onde precisa descobrir uma saída."
(Umberto Eco, Interpretação e superinterpretação)
"Ficamos inclinados a dizer que a intenção de que o homem seja "feliz" não se acha incluída no plano da criação (...) Enfim, de que nos vale uma vida longa se ela se revela difícil e estéril em alegrias e tão cheia de desgraça que só a morte é por nos recebida como libertação?"
(Freud, Mal-Estar na Civilização)
"O homem louco se lançou para o meio deles e trespassou-os com seu olhar: "Para onde foi Deus?", gritou ele, "já lhes direi! Nós matámo-lo — vocês e eu. Somos todos seus assassinos! Mas como fizemos isso? Como conseguimos beber inteiramente o mar? Quem nos deu a esponja para apagar o horizonte? Que fizemos nós, ao desatar a terra do seu sol? Para onde se move ela agora? Para onde nos movemos nós? Para longe de todos os sóis? Não caímos continuamente? Para trás para os lados, para a frente, em todas as direções? Existe ainda 'em cima' e 'embaixo'? Não vagamos como que através de um nada infinito? Não sentimos anoitecer eternamente? Não temos de acender lanternas de manhã? Não ouvimos o barulho dos coveiros a enterrar Deus? Não sentimos o cheiro da putrefação divina? — também os deuses apodrecem! Deus está morto! Deus continua morto! E nós matámo-los! Como nos consolar, nós assassinos entre os assassinos? O mais forte e mais sagrado que o mundo até então possuía sangrou inteiro sob os nossos punhais — quem nos limpará este sangue? Com que água poderíamos nos lavar? A grandeza desse acto não é demasiado grande para nós? Não deveríamos nós mesmos nos tornar deuses, para ao menos parecer dignos dele? Nunca houve um acto maior — e quem vier depois de nós pertencerá, por causa desse acto, a uma história mais elevada que toda a história até então!"
(Nietzsche, Assim falou Zaratustra)

Humano, demasiado humano



"Não se pode inverter todos os valores? E o bem é talvez o mal? E Deus nada mais é que uma invenção e uma astúcia do diabo? Talvez em última análise, tudo esteja errado? E se nós nos enganamos, não somos por isso mesmo também enganadores? Não temos de ser igualmente enganadores? - Esses pensamentos que o guiam e que o extraviam, sempre mais avante, sempre mais longe. A solidão o cerca e o envolve, sempre mais ameaçadora, mais estranguladora, mais pungente. Essa temível deusa e mater saeva cupidinum (mãe cruel das paixões) – mas quem sabe hoje o que é a solidão?..."

(Friedrich Nietzsche)



Dez anos passaram esta noite. Perdi minha perna como perdi meu caminho. Conecto um universo desconexo, sem nada pra deprimir, já que não sei mais como funciona o sonhar. Mas ninguém deve saber quem eu amo, e nunca mais vou dizer outra vez: eu te amo. Fica difícil de ver o sol nascer agora. Mas imagine que sou uma sonhadora... Vou te levar adiante em meu sonho, onde o brilho tem sono e o tempo é lento. Esse verão não me conhece mais, deixou-me há pouco dentro do oceano. A causa eu sei, Morte justa, descobri a tempo, talvez, que você não deseja ser meu.

(Aline Pereira)

domingo, 6 de julho de 2008

Páginas autobiográficas


Testemunhou a boemia.
Fez amigos.
Esteve a vagar.
...sentiu a triste necessidade de fugir à realidade hostil de sua existência, sob impulsos afrodisíacos, lícitos ou não, demonstrados por Freud como permeáveis à História humana.


(Aline Pereira)



"O homem moderno é um insensível."
"A decadência política nos deixa frios."
(Anatole Baju)

"Tudo se resume na palavra queda." (Mallarmé)

"Tudo já está bebido e comido, não há mais nada a dizer." (Verlaine)

Nossa própria pena é o que podemos sentir.
Insensíveis e apolíticos, não nos enganemos.
Respiramos...
...
indistintos,
inexatos.
Abismos de nós mesmos, nosso espaço.
Vazio sem cor, sem luz ou treva,
calor ou frio, opostos.
E o Nada.
Nosso prazer, nossa queda.
Que importam apetites, excessos...
Parados não paramos.
E a Alma... inúteis profundezas.
Mergulhos no tédio do não ser,
não tomemos partido,
não queremos ter partido!
Verdades?
Nada.
Silêncio!
Como estamos morrendo, também, esperemos mudos.

Aline Pereira
* (Tela Auto-retrato, de Marilyn Manson)

sábado, 5 de julho de 2008

Ego

Para o futuro não farei mil planos,
prometo somente aquilo o que eu quiser,
e tenho dois caminhos: fingir ser forte ou fraca.
À minha maneira, serei a pessoa mais egoísta, e só saberei falar de mim mesma.
Contudo, entre os meus planos está o de não enlouquecer por minha causa.
Frustraremo-nos todos os eus?
Querer saber de mim, dos planos que não desejo cumprir.
Interessa a minha dor, tudo o que vier de mim.
Tudo menos um pouco, para que eu não me comprometa.

Aline Pereira

Crise

As cem mil estrelas fosforescentes no teto do meu quarto estão desbotadas.
Luas, planetas, constelações inteiras em uma galáxia espiralada se perderam em poucos anos.
O brilho artificial daquelas estrelas se fez com menos força até apagar,
e meu quarto ficou cheio de sombras.
De onde viriam, ninguém quis saber.
Aliás, ninguém quis comprar a minha crise...

Aline Pereira

Pose


Minha maneira é sem rima, sem tempo.
Não respeito o oposto, certo, nem padre.
como as pessoas ao largo da minha vida,
nasci corrompida pelo desejo de ser a minha vontade.
Quando saí de dentro da mãe, recebi uma lambida de luz e apareci.
Você que está lendo, não se parece comigo?
Algumas pessoas não gostam de fazer pose, mas o leitor eu sei que gosta.

Aline Pereira



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Um largo etcetera

( Tela de Constantino Contini)


Há muita curiosidade.
Tanta mudança, que a memória já não basta.
Os livros, como nós, reparam-se, julgam-se e pesam.
Um medo abafado por ruídos constantes continua histérico.
Conhecendo o silêncio e apreciando os mistérios do esquecimento,
dopada pela angústia do tentar lembrar, talvez eu prefira me enrolar nas cortinas a abri-las.
Afinal de contas, os sonhos não têm piedade nem mesmo da razão,
e dizem alguns que no início não havia nada,
apenas os cães farejando o futuro.
(Tente se lembrar de um cheiro...)


Cada nascimento antecipa a minha mudez,
e parece ser verdade... com certo cheiro de verde há menos peso nas coisas.

Aline Pereira



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Elegia



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